É fácil sair na noite, se encantar e se entregar para uma pessoa diferente por semana (quando não por dia)! É simples se encontrar com alguém de vez em quando, sair para jantar ou fazer um programa especial, falar apenas sobre coisas legais, mostrar o melhor de si, e, depois, voltar para a sua casa, os seus problemas e a sua vida, com todos os desdobramentos que ela tem…
É descomplicado “curtir a vida adoidado”, não se envolver verdadeiramente com ninguém, não criar vínculos, ser “do mundo”… Ou, até mesmo, dar “uma escapadinha”, uma “puladinha de cerca”, uma “arejada na relação” (!)…
E, por ser fácil, simples e descomplicado, QUALQUER UM consegue!
O complexo, o difícil, o que exige jogo de cintura, inteligência emocional, planejamento e dedicação, é ter um relacionamento verdadeiro. Dormir e acordar com a mesma pessoa, todos os dias, ano após ano, enfrentando contas para pagar, problemas no trabalho, crises existenciais, filhos doentes, mudança de entendimentos, de estilos de vida e de aspirações… Isso, sim, é para os fortes!
E uma das grandes verdades no que diz respeito a relacionamentos amorosos, é que “o amor, somente, não basta!”
Quem dera ele desse conta do recado, resolvesse todos os contratempos, todos os desafios e desgostos que surgem ao longo da jornada de um casal…
Na adolescência (geralmente), ou na fase inicial da “paixão”, quando percebemos que amamos – e somos amados – “de verdade”, que o sentimento é profundo, sincero e correspondido, achamos que pronto, estamos resolvidos na vida! Tiramos a sorte grande! Acabou-se a procura, as angústias, os conflitos. Só que não…
Cada pessoa, além de única e indecifrável até para ela mesma, é um ser em constante evolução e transformação.
Todos vamos nos descobrindo e nos melhorando ao longo da vida. Não permanecemos sempre os mesmos, não tem jeito. E o amor, nesse contexto, tem que se reconstruir junto com cada um dos envolvidos e com o relacionamento em si, dia após dia. Ele precisa se atualizar, se reinventar, se redescobrir. E esse é um trabalho sem fim…
Aprender a sobreviver sem o frio na barriga, a ansiedade pelo encontro, as borboletas no estômago e os pés nas nuvens que existiam lá no começo…
Aprender a resistir a TPMs, maus-humores (e maus-hálitos) matinais; à falta de grana (ou de vontade) para sair, viajar, mudar os ares; à falta de tempo e ao cansaço do dia-a-dia; às mudanças de sonhos, projetos de vida e ambições que podem surgir…
Sem contar a reviravolta completa na rotina, no tempo, nos planos e na energia que a chegada dos filhos – para quem os tem – certamente traz no pacote…
Relacionamentos verdadeiros – aqueles que não existem apenas para se ter uma “imagem social”, que dispensam válvulas de escape e “escoros”, e que não traduzem apenas conformismo e acomodação de seres descontentes – são, definitivamente, para os fortes!
Mas saber que se tem alguém para te abraçar no fim daquele dia difícil, para te acalentar quando aquele projeto não deu certo e para te fazer rir de si mesmo quando se fez uma besteira…
Alguém que te conhece suficientemente para respeitar suas particularidades, aceitar suas imperfeições e compreender suas incertezas…
Alguém que sempre vai estar ao seu lado, que se preocupa realmente em te cuidar, que compra os teus devaneios e se empenha, sinceramente, para te ver feliz… Alguém que, enfim, te ama por tudo – e apesar de tudo – o que você é, de fato, sem máscaras, sem estimulantes, o tempo todo, e apesar do tempo… Isso, definitivamente, não tem preço, não tem definição e faz tudo valer a pena!
Sinceramente, na minha opinião, só não quer um relacionamento verdadeiro quem ainda não o experimentou…
Por: Susiane Canal