Quando eu estiver velhinha, vou morar um pouco com cada filho, e dar a eles tantas alegrias… do jeito que eles me deram.
Quero retribuir tudo o que desfrutei deles fazendo-lhes as mesmas coisas.
Oh, eles vão adorar!
Escreverei nas paredes com lápis de cores diversas, pularei nos sofás de sapatos e tudo.
Beberei das garrafas e as deixarei vazias e fora da geladeira, entupirei de papel os vasos sanitários; como eles ficarão bravos com isso!
(Quando eu estiver velhinha e for morar com meus filhos)…
Quando eles estiverem ao telefone e não puderem me alcançar, vou aproveitar para brincar com o açúcar ou com a água sanitária.
Eles vão balançar suas cabeças e correr atrás de mim. Mas, eu estarei escondida debaixo da cama.
Quando me chamarem para o jantar que eles prepararam, não vou comer as verduras, as saladas ou a carne, vou engasgar com o quiabo e derramar leite na mesa, e quando se zangarem, corro ― se for capaz!
Sentarei bem perto da TV e mudarei de canal o tempo todo.
Tirarei as meias pela sala e perderei sempre um pé; e vou brincar na lama até o final do dia.
E mais tarde, à noite, já deitada, vou agradecer a Deus por tudo, fechar meus olhinhos para dormir, e meus filhos vão olhar para mim com um meio sorriso e vão dizer:
― Ela é tão doce quando está dormindo!
Por: Luciana Viter