Sempre fui muito adepta do abstrato, de coisas transcendentes à vista desarmada: o destino, as almas gémeas, o olhar profundo, a loucura sã e o amor platónico.
Sempre fui fã dos sentimentos, porém não estou muito treinada a expressá-los. E esta é a parte em que me perco…
Em que me perco nas palavras, nos sentimentos, no olhar, no pensamento e em ti. Como é possível perder-me em alguém que ainda nem me agarrou? Alguém que me transportou para um mundo completamente abstrato, alguém que me prendeu com um simples olhar…
Um olhar surreal, algo que nunca vi nem senti.
Não sabemos nada um do outro, apenas sabemos aquilo que o nosso olhar transmitiu, algo inexplicável aos comuns mortais.
Sabes, torna-se incessante toda esta situação, todas estas emoções, todo este fascínio que tenho e que aumenta um pouco mais cada vez que te vou ver. No fundo tenho a certeza que tu sabes do que falo e o que sinto, porque é algo que partilhamos, mesmo que nunca tenhamos partilhado nada.
Pode parecer loucura, mas sinto que nos pertencemos, não fisicamente, mas que há algo em cada um de nós que pertence ao outro. Eu própria sinto-me louca ao sentir isto…
Mas gosto disto, desta loucura, deste exercício mental que me proporcionas.
Sempre gostei de coisas inexplicáveis, coisas transcendentes. Sempre gostei do abstrato, mas agora quero tocar-te.