O amor terá sempre um limite: a dignidade. Porque o respeito que cada um de nós tem por si mesmo é demasiado precioso e jamais irá aceitar cortes para saciar um amor que não é suficiente, que machuca e que nos deixa vulneráveis.
Costuma dizer-se que o amor é curto e o esquecimento é muito longo. Mas é melhor um esquecimento longo do que uma grande tormenta na qual acabamos por perder totalmente a nossa dignidade.
“(…) embora nunca se deva perder um amor por orgulho, também não se deve perder a dignidade por amor.”
Às vezes o melhor remédio é esquecer o que sentimos para recordar o que valemos. Porque a dignidade não deve ser perdida por ninguém, porque o amor não se implora nem se suplica, e embora nunca se deva perder um amor por orgulho, também não se deve perder a dignidade por amor.
A dignidade é esse elo frágil e delicado que tantas vezes ignoramos e comprometemos. Há muitas ocasiões em que cruzamos essa fronteira sem querer, em que nos deixamos levar por alguns extremos nos quais os nossos limites morais tornam-se fracos, pensamos que por amor tudo vale a pena e que qualquer renúncia é pouca.
Muitas pessoas costumam dizer que o ego alimenta o orgulho e o espírito alimenta a dignidade. O orgulho, por exemplo, é um inimigo bem conhecido que costuma ser associado ao amor próprio. No entanto, ele vai um passo além, pois o orgulho é um arquiteto especializado em levantar muros e cercas nos nossos relacionamentos, em decorar cada detalhe com arrogância e em encontrar o vitimismo em cada palavra.
“Aqui o conceito do amor próprio adquire o seu pleno significado.”
Enquanto isso, a dignidade é justamente o contrário. Ela age o tempo todo a ouvir a voz do nosso “eu” para fortalecer o respeito por nós mesmos sem esquecer o respeito pelos outros. Aqui o conceito do amor próprio adquire o seu pleno significado.
A dignidade não deve ser vendida, não deve ser perdida nem presenteada. As pessoas costumam pensar que não há nada pior do que ser abandonado por alguém que amamos. Não é verdade, o mais destrutivo é nos perdermos de nós mesmos ao insistir em amar alguém que não nos ama.
No amor saudável e digno não se encaixam martírios ou renúncias, aquelas em que dizemos que vale tudo só para estarmos ao lado de quem amamos. O amor jamais deverá ser cego. Por muito que se defenda esta ideia, é necessário lembrar que sempre será melhor entregarmo-nos a alguém com os olhos bem abertos, o coração entusiasmado e com a dignidade muito alta. Só então conseguiremos construir uma dessas relações dignas que valem a pena, onde se pode respeitar e ser respeitado, onde se pode criar todos os dias um ambiente saudável onde não cabem jogos de poder nem sacrifícios irracionais.
“Não permitas isso, não percas a tua dignidade por ninguém.”
A dignidade é e sempre será o reconhecimento de que somos merecedores de coisas melhores, porque será sempre melhor uma solidão digna do que uma vida de carências, de relacionamentos incompletos que nos fazem acreditar que somos atores secundários. Não permitas isso, não percas a tua dignidade por ninguém.
Por: Valéria Amado