Foste o meu primeiro namorado. Mas vou ser-te sincera, não foste o meu primeiro amor. Nem foste o meu grande amor. Nem nunca foste o amor da minha vida. Mas gostei de ti, sim.
Demos as mãos num passeio pela cidade e rimos feitos malucos numa peça de teatro.
Também nos beijámos na relva do jardim e comemos batatas fritas com as mãos. Também fomos ao cinema e às festas da aldeia. Também fizemos tudo com amor, mas talvez só com o teu.
Mas gostei de ti.
Pediste-me que te abrisse o coração e que te deixasse entrar. Eu cedi, mesmo sabendo que podia fechar-se a qualquer altura. Ou até rebentar, pois não tinha ainda conseguido libertar-me daquele que fora o amor da minha vida. E talvez isso nunca vá acontecer.
Talvez vá sempre ter um espaço reservado para quando ele quiser voltar.
Eu sei que não devia. E sei também que tu não merecias um espaço tão pequenino. Mas soubeste aproveitá-lo e fazer-me feliz. Felicidade essa que não era a que eu procurava. Juro-te que tentei.
Dei mais uma oportunidade a mim mesma para te amar, para ficar ao teu lado, para reconhecer que eras tu quem fazia de mim uma pessoa melhor.
Mas não consegui, desculpa. Rebentei. Passei a não conseguir disfarçar a (in)felicidade que sentia. Passei a odiar-te por me conseguires fazer feliz, mas por não conseguires fazer-me amar-te.
Eu pedi demais, eu sei.
Hoje, sei que foi o melhor que fiz. Deixar-te ir. Deixar-te fazer feliz alguém que realmente merecesse o amor que tens dentro de ti.
Mesmo depois deste tempo, continuo a guardar memórias nossas. E, por incrível que pareça, nenhuma me deixa triste. Dei-te eu mais motivos para isso do que tu a mim.
Desculpa…
Pudesse eu amar-te como o amo a ele… Mas não escolhemos quem amamos. Ainda assim, obrigada por me aturares e desculpa por não te ter conseguido aturar mais.