Especialmente para a mulher que dormiu com o homem que um dia já foi meu.
Eu não sei de que forma devo começar a falar contigo. Humanamente, eu sei que nós não podemos ser assim tão diferentes, mas no meu íntimo eu acredito que não existe muito em comum entre as mulheres como eu e as mulheres como tu. O meu instinto diz-me para começar com um “olá”, mas um “olá” é algo tão informal. Tão descontraído. É algo que nós dizemos a outra pessoa para ela se sentir confortável.
E sabes que mais? Tu não mereces sentir-te confortável.
Eu, e todas as outras raparigas que foram as primeiras, e acabaram por ser menosprezadas por tua causa, não te devemos nada.
Estás sempre cheia de desculpas para tentar explicar que o que aconteceu não foi culpa tua:
“O relacionamento deles já tinha terminado muito antes de eu chegar.”
“Simplesmente aconteceu.”
“O que aconteceu não significou nada.”
“Eu nunca me tinha sentido assim antes de conhecê-lo.”
“Não é que eu quisesse magoá-la.”
Tu andas por aí, a sacudir o teu cabelo, a falar sobre ele na Internet, e a agir como se nenhuma das tuas outras atitudes menos dignas no passado te incomodassem. Aliás, as tuas respostas de uma única frase dizem muito sobre a maturidade do teu comportamento. Não há maneira de me convenceres de que o que tu fizeste foi normal ou desculpável.
Não venhas justificar as tuas ações com o estado em que estava a relação dos dois – nunca vais saber ambos os lados da história, nem sequer vais saber o que estava realmente a acontecer na relação de ambos antes de tu entrares em cena, com as pernas abertas.
Fizeste uma escolha, tomaste uma decisão e esmagaste tudo o que estava no teu caminho. Não é a metade da tua história que vai mudar o facto de tu teres participado em algo que deixou outra mulher a sentir-se humilhada, usada, trocada e completamente sozinha.
Tu tiveste a oportunidade de escolher. Há sempre um momento em que nós podemos dizer: “Sim, eu vou fazer isto” – e escolhemos viver com as consequências desses atos – ou então dizemos “não, eu não vou fazer isto” e vamos embora.
Talvez tu até estejas em paz com as consequências das tuas atitudes. Talvez tu até estejas bem com as tuas escolhas.
Tu ages como se ele fosse uma espécie de prémio a ser reivindicado. Estás a fazer uma competição onde não havia nenhuma e, sinceramente, não devia haver. Isto não é um jogo. E, mesmo que nós fossemos suficientemente crianças para chamar a isto um jogo, tu não terias ganho, porque simplesmente não estiveste lá primeiro do que eu.
Falas sobre as vossas noites juntos como se elas fizessem parte de um romance digno do topo da lista de best-sellers na categoria de literatura erótica. Tu esbanjas histórias sobre o teu relacionamento a descrevê-lo como mágico, mas tudo o que tu estás a fazer é, na realidade, ser um boneco fácil de engolir nas mãos de alguém. Tu não ganhas nada em romantizar o teu relacionamento. Tu eras a outra mulher. É tão simples como isso.
Devias perceber que fizeste uma coisa errada e devias pedir desculpa por isso. E não apenas um “sinto muito por estar apaixonada”, tipo telenovela. Tu deves isso a nós – às mulheres que não sabiam que os seus namorados as foram apunhalando pelas costas.
O primeiro passo para se fazer as pazes é admitir que cometemos um erro.
Quando eu – ou quando nós – tentamos chegar até ti, escrevemos sobre ti ou falamos de ti, não estamos à procura de simpatia ou à procura da atenção dele. Queremos a tua atenção. Ele já não faz parte da fotografia sequer. A maioria de nós – e digo “a maioria” porque eu não posso falar por todas – nem sequer o quer de volta, mesmo que tu digas o contrário às pessoas com quem falas e faças julgamentos ignorantes sobre nós.
Gostávamos de ter um pedido de desculpas.
Gostávamos de ter um reconhecimento da tua parte de que tu nunca irias querer passar por aquilo que nós vivemos. Gostávamos de saber que há em ti um pouco de remorsos por aquilo que tu decidiste fazer naquele momento. Gostávamos que admitisses que tu fizeste algo mau e errado, especialmente para nós.
Se tu conseguisses, pelo menos, fazer isto, e fazê-lo como um adulto, então talvez nós pudéssemos parar de acordar de forma intermitente e inquieta durante a noite com vontade de te dar uma bofetada na cara.
Nós estamos a percorrer o caminho na direção de te perdoar. Nós apenas ainda não chegamos lá.
Mas, se tu fosses capaz de pedir desculpas, nós estaríamos um passo mais perto.