Não podemos obrigar ninguém a nos amar, mas podemos nos obrigar a deixar de amar alguém, para que não tenhamos que deixar de amar a nós mesmos.
Infelizmente, ninguém consegue mandar no coração, pois ele é rebelde e muitas vezes teima em desobedecer aos comandos da nossa razão. É difícil conseguirmos fazer com que os nossos sentimentos andem o tempo todo de mãos dadas com os nossos pensamentos, uma vez que o coração e o cérebro parecem ser órgãos incomunicáveis entre si.
E é por isso que a gente sofre e não consegue sair daquilo que nos faz mal.
Tomar a decisão de tirar alguém das nossas vidas é uma das atitudes mais difíceis de serem tomadas, seja um amigo, um colega, um familiar, seja um amor.
A gente se acostuma com o que já está junto de nós e, pior, a gente se acostuma também com o que faz mal, com o que nem falta faria. Nessas situações parecemos não raciocinar direito, porque a carga afetiva embaralha a nossa capacidade de discernimento.
A vida está tão corrida, que mal temos tempo de olhar para nós mesmos, de escutarmos aquilo que a nossa essência tem a nos dizer, e por isso prestamos atenção em tudo o que está fora de nós, relegando-nos ao papel de meros espectadores da vida que é nossa.
E então vamos arrastando tudo o que já faz parte da nossa vida, mesmo que isso tudo pese demais.
Por isso é que a gente se preocupa tanto com o que não temos e com quem não chega junto de nós, enquanto mantemos nas nossas vidas coisas inúteis, momentos esquecíveis e pessoas que nem caminham mais ao nosso lado.
Por isso é que sofremos tanto por quem não merece, choramos tanto pelo que não tem mais volta, lamentamos tanto o que não faz falta alguma, simplesmente porque ficamos olhando o que está longe, sem prestar atenção no que realmente importa de verdade.
A nossa felicidade não depende daquilo que não possuímos, mas sim da qualidade de tudo o que mantemos junto a nós, dia após dia. Manter o que machuca, o que emperra, o que não faz nada nem soma nada à nossa vida, faz muito mal.
É preciso mandar para longe os lixos emocionais, junto com a dor e o sofrimento que isso possa causar.
Não podemos obrigar ninguém a nos amar, mas podemos nos obrigar a deixar de amar alguém, para que não tenhamos que deixar de amar a nós mesmos. É assim que se respira.
Por: Prof. Marcel Camargo