Como é natural passo imenso tempo em frente ao computador, porque o meu trabalho assim o exige.
Hoje enquanto passeava no meu feed de noticias do Facebook encontrei um post bastante pertinente (A carta de uma psiquiatra sobre “Cinquenta Tons de Cinza” para os jovens) que vai de encontro à minha opinião sobre este filme doentio que o cinema decidiu exibir num dia dos namorados, para o tornar mais “aceitável”.
Segundo o artigo que eu li, a psiquiatra Miriam Grossman explica que:
“Não há nada de cinza sobre os 50 tons de cinza. É tudo preto.”
Ela melhor que ninguém, sabe o que está a dizer. Todos os dias ela ajuda pessoas que estão de coração partido. E ao contrário dos médicos, que tem uma função mais objectiva ela consegue perceber através de algumas perguntas porque é que a mente das pessoas “sangra”.
Esta experiência, permitiu que ela aprendesse muito mais sobre o amor, principalmente nos jovens, que são demasiado confusos, impulsivos e que cada vez mais fazem escolhas erradas. Acabam muitas vezes por sair magoados e desiludidos com o amor.
Por isso mesmo é que ela veio falar sobre este filme, porque ela não quer ver jovens na flor da idade no seu consultório. A mensagem dele é tão toxica que nem precisas de o ver. E por mais que digam:
“aaaah… isto é só ficção”.
Estão muito enganados, porque não fazem ideia como estas imagens, estas histórias, influenciam a nossa mente e se infiltram no nosso dia-a-dia. É como ver uma publicidade na televisão, tu achas que aquilo não te influencia, mas o teu subconsciente registou. Vais ver como mais tarde ou mais cedo vais sentir a necessidade de consumir aquele produto/serviço que a campanha anunciou.
O que é mais engraçado é que colocaram em exibição este filme, precisamente no dia 14 de Fevereiro (dia de Sº Valentim), o dia em que se comemora o amor e que é suposto ser o mais romântico do ano. Isto para quê? Para parecer que o filme retrata uma história romântica, de duas pessoas que se desejam, mas não caiam nisso. O filme mostra uma “(…) relação doentia e perigosa, preenchido com abuso físico e emocional. Parece glamouroso, porque os atores são lindos, têm carros caros e aviões, e Beyonce está cantando. Você pode concluir que Christian e Ana são legais e que seu relacionamento é aceitável. Não se permita ser manipulado! As pessoas por trás do filme só querem o seu dinheiro; eles não se preocupam nem um pouco com você ou com seus sonhos.” diz Miriam.
E eu pergunto-vos, acham que este tipo de abuso, consentido ou não, é bom para uma relação? Em qualquer circunstância eu digo N-Ã-O. Porque jamais me deixarei manipular por isto! Não que não goste de s3xo, toda gente gosta, e eu não sou excepção, mas o s3xo é tão melhor quando estás com alguém, que te ama, te respeita, te protege e que acima de tudo pensa no teu bem estar.
Na realidade, esta história nunca acabaria bem. Muito provavelmente o Christian acabava preso, e a Ana, na pior das hipóteses morta ou traumatizada para a vida, num hospício. Ou então eles continuavam juntos, e ela era a mulher mais infeliz do mundo.
Miriam afirma ainda mais sobre as perigosas ideias promovidas por 50 Sombras de Gray:
“1. As mulheres querem homens como Christian: Grosseiro e que mande nela.
Mentira! Uma mulher psicologicamente saudável evita dor. Ela quer se sentir segura, respeitada e cuidada por um homem que ela pode confiar. Ela sonha com vestidos de casamento, não com algemas.
2. Homens querem uma mulher como Ana: Calma e insegura.
Errado. Um homem psicologicamente saudável quer uma mulher que sabe defender-se por si própria. Ele quer uma mulher que o corrija quando ele sair da linha.
3. Ana exerce livre escolha quando ela consente em ser magoada, então ninguém pode julgar a sua decisão.
Lógica falha. Claro, Ana tinha livre escolha – e ela escolheu mal. A decisão auto-destrutiva é uma má decisão.
4. Ana faz escolhas sobre Christian de forma racional e distante.
Duvidoso. Christian constantemente serve Ana com álcool, prejudicando seu julgamento. Além disso, Ana se torna sexualmente ativa com Christian – sua primeira experiência – logo após conhecê-lo. O s3xo é uma experiência poderosa – particularmente na primeira vez.
Finalmente, Christian manipula Ana para assinar um acordo que a proíbe de falar a alguém que ele é um abusador. Álcool, s3xo e manipulação – dificilmente seriam os ingredientes de uma decisão racional.
5. Os problemas emocionais de Christian são curados pelo amor de Ana.
Apenas num filme. No mundo real, Christian não mudaria de forma significativa. Se Ana quisesse ajudar pessoas emocionalmente perturbadas, ela deveria ter se tornado uma psiquiatra ou uma psicóloga.”
Este filme muito provavelmente vai te deixar confusa/o, sobre o que é um relacionamento saudável ou não. Parece que eles se amam, se desejam… tudo tão fugaz que parece perfeito. Mas não é!
Obviamente que não posso condenar quem vive relações assim, mas isso não é saudável, não por muito tempo!
Nenhuma mulher deve ser submissa ao ponto de manter uma relação assim, nem nenhum homem deve sentir-se no direito de praticar o mesmo que Christian. Não há margem para dúvidas: uma relação íntima que inclui violência, consensual ou não, é completamente inaceitável.
De facto tenho de concordar com Miriam: “É preto e branco. Não existem tons de cinza aqui. Nem mesmo um.”
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